Video Transcript
Narrador: Quando você pensa em guerra, pode imaginar soldados, tanques e balas. Mas talvez você não pense em comida. Como alimentar um exército inteiro?
Há imagens do assalto à praia na Normandia, uma das batalhas mais famosas da história, ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, envolvendo dezenas de milhares de soldados. Mas é fácil esquecer que todos precisavam comer.
Em 6 de junho de 1944, 24.000 paraquedistas aliados iniciaram o ataque aéreo, equipados com suprimentos para três dias de rações K. Para isso, a empresa Hershey’s desenvolveu uma barra de chocolate que “pesava 4 onças, resistia a altas temperaturas, era altamente nutricional e tinha um sabor ligeiramente melhor do que uma batata cozida”.
A solução para alimentar as tropas é chamada de MRE, sigla em inglês que significa comida pronta. Por muitos anos, os exércitos tentaram melhorar a forma como os alimentos são embalados e entregues nas linhas de frente de uma batalha. Os resultados nem sempre são muito saborosos. Alguns exemplos se tornaram lendários, por exemplo, quem pensou em servir uma omelete em uma zona de guerra?
Existem até canais no YouTube dedicados exclusivamente a abrir, analisar e testar antigos MREs de guerras passadas. Em um desses vídeos, alguém dá uma mordida em um biscoito duro de 156 anos, que era um MRE da Guerra Civil Americana. Em outro, alguém abre um pacote de carne de porco de 70 anos. Pode acreditar?
A história dos MREs é fascinante. É difícil fornecer comida para soldados que viajam por longas distâncias ou em situações onde eles têm poucos utensílios para preparar sua comida. O desafio envolve o equilíbrio entre carregar menos peso e fornecer mais calorias.
Por exemplo, é assim que 1000 calorias de cenoura se parecem. 1000 calorias de banana seriam 9 bananas. E 1000 calorias de manteiga de amendoim são como 170 gramas.
A relação peso/nutrição é importante para as tropas e pode ter uma vantagem tática significativa em uma guerra. Os antigos guerreiros dependiam apenas de carnes salgadas e curadas, queijos e carboidratos densos como a cevada. Hoje, engenheiros de alimentos inventaram técnicas como ‘aglomeração sônica’ para comprimir 34 libras de comida em 10 libras para os militares dos EUA. Graças a esta tecnica, uma refeição de 7 dias pesa menos de 10 quilos.
Isso nos faz pensar: que tipo de alimento pode ser nutritivo e farto, mas ao mesmo tempo ser muito pequeno? O autor JRR Tolkien apresentou essa ideia em seu romance épico “O Senhor dos Anéis”. No livro, os elfos dão uma comida especial para a comunidade itinerante chamada pão de Lembas, em que uma única mordida saciaria a fome por um dia inteiro. Para os elfos, Lembas significa ‘pão do caminho”’ ou ‘pão da vida’.
Outro exemplo importante de alimento com densidade calórica sobrenatural pode ser encontrado no Antigo Testamento. No deserto, os israelitas são convidados a colher uma comida especial que chega todas as manhãs como orvalho.
Os israelitas não sabiam como chamá-lo, então o chamaram de ‘Maná’, que significa várias coisas, mas uma delas é ‘o que é isso?’. As pessoas só tinham que colher o que era necessário para um dia, o que acabou sendo três q2uartos de uma porção. Se eles coletassem mais, apodreceria e vermifugaria no dia seguinte.
No Novo Testamento, Jesus ensina os seus discípulos a rezar e, nesta oração, ensina-os a pedir a Deus: «Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia». A palavra grega usada aqui é Epiousios. Esta palavra é muito interessante porque não é usada novamente em todo o Novo Testamento. Pode significar “nos dê hoje nosso pão diário essencial” ou pode significar literalmente super-essencial. “Dá-nos o pão que é super-substancial. Comida que pode nos nutrir para a caminhada de maneira sobrenatural. Como seria uma comida sobrenatural? E como seria uma comida que pudesse nutrir você para uma longa, loooonga jornada?